O mutum-do-nordeste, espécie extinta na natureza, foi protagonista de uma história marcada por perseguições, caças e perda de habitat, com o desmatamento da Mata Atlântica nordestina, que foi substituída por plantio de cana-de-açúcar estimulado pelo Pró-Álcool programa governamental. Apenas três indivíduos da espécie sobreviveram, sendo um macho e duas fêmeas, em cativeiro, resgatados da natureza pelo criador de aves Pedro Nardelli, constituindo-se em um dos mais severos gargalos populacionais conhecidos no mundo. Desde então, a população aumentou graças ao empenho de instituições e pesquisadores que se dedicam ao manejo e reprodução destas aves. Atualmente, existem em torno de 120 indivíduos adultos e 60 jovens cativos, distribuídos em dois criadouros, situados em Contagem e outro em Poços de Caldas localizados em Minas Gerais.

 

 

O mutum-de-bico-vermelho é endêmico da Mata Atlântica de baixada que ocorria, originalmente, entre o Recôncavo Baiano e a cidade do Rio de Janeiro, e no leste de Minas Gerais. É uma ave bastante sensível à alteração e fragmentação do seu habitat e à caça, e atualmente é uma espécie em perigo de extinção.  Estimativas recentes sugerem a presença de 250 indivíduos na natureza, o que torna esta espécie uma das mais ameaçadas do Neotrópico. Estima-se que existam atualmente 200 indivíduos cativos de C. blumenbachii. A reintrodução da espécie poderá auxiliar no restabelecimento de interações ecológicas, pois mutuns, em geral, participam dos processos de predação e dispersão de sementes e contribuem como uma das espécies frugívoras com maior biomassa, desempenhando o papel de presa de médios e grandes carnívoros e aves de rapina de maior porte.

 

 

Neste trabalho são realizados estudos para delinear o perfil sanitário destas espécies de cracídeos, mantidas em cativeiro no estado de Minas Gerais, com o objetivo de estabelecer os protocolos sanitários paras as espécies, contribuindo com os Planos de Ação para Conservação do mutum-do-nordeste (Pauxi mitu) e do mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii) do ICMBio, e assegurar a recuperação e conservação destas aves em cativeiro para fins de reintrodução.